Arquivo do mês: agosto 2009

Arquitetura e desejo

(…) É uma cidade igual a um sonho: tudo o que pode ser imaginado pode ser sonhado, mas mesmo o mais inesperado dos sonhos é um quebra cabeça que esconde um desejo, ou então o seu oposto, um medo. As cidades como os sonhos, são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor do seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas, e que todas as coisas escondam uma outra coisa (…). As cidades também acreditam ser obra da mente ou do acaso, mas nem um nem o outro bastam para sustentar as suas muralhas. De uma
cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.

– Ou as perguntas que nos colocamos para nos obrigar a responder, como Tebas na boca da Esfinge.”

(As Cidades Invisíveis, Ítalo Calvino. Pag 44)

Na cidade contemporânea há um fluxo de informação intenso em que perguntas e respostas surgem o tempo todo. Essa variação constante nos impulsiona a buscar o novo, e para alcançá-lo é necessário experimentar. Novos materiais, programas, usos e espaços podem ser componentes importantes para a experimentação. Porém, existe outro aspecto que condiciona todos estes elementos: o tempo.

Temos um milhão de possibilidades dentro da cidade em que vivemos. Onde morar, onde trabalhar, pessoas pra conhecer, lugares para estudar… quanta informação, não é? Quanto tempo temos para tomar todas essas decisões? Como aprender a viver no meio dessa loucura onde os dias mais parecem horas e as horas apenas minutos. É muito comum sentir ansiedade no meio de tudo isso: vivemos tempos de transição e ainda estamos nos adaptando. Procurando descobrir como ter qualidade de vida na metrópole contemporânea.

Essa mudança dos parâmetros de temporalidade da sociedade se reflete  na arquitetura. Maneiras mais simples e rápidas de construir e desconstruir são criadas dia-a-dia. Flexibilidade e experimentação são preceitos que estão cada vez mais presentes no cotidiano do arquiteto. Não só pela infinidade de materiais presentes no mercado mas principalmente no ato de projetar que se tornou mais amplo. Não se projeta mais um espaço pensando que ele será apenas UM e sim MULTI.

luzes

“(…) É uma cidade igual a um sonho: tudo o que pode ser imaginado pode ser sonhado, mas mesmo o mais inesperado dos sonhos é um quebra cabeça que esconde um desejo, ou então o seu oposto, um medo. As cidades como os sonhos, são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor do seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas, e que todas as coisas escondam uma outra coisa (…). As cidades também acreditam ser obra da mente ou do acaso, mas nem um nem o outro bastam para sustentar as suas muralhas. De uma
cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.

– Ou as perguntas que nos colocamos para nos obrigar a responder, como Tebas na boca da Esfinge.”

(As Cidades Invisíveis, Ítalo Calvino. Pag 44)