Arquivos da Categoria: Metrópole

Integração inspiradora

Quando olhei esse post no twitter, de cara fiquei me imaginando trabalhando nesse lugar…

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Esse é o Selgas Cano Architecture Office, fica em Madrid e faz a gente repensar um pouco nosso modo de trabalhar.

Arquitetura Fantasma

Em breve… Aguardem…sampa

Arquiflexível

“Há boas razões para acreditar que variedade e adaptabilidade formam uma melhor combinação entre o ambiente construído e a vida que ele abriga. Além disso, o contexto atual em tecnologias construtivas sugere que não há necessariamente um conflito entre produção eficiente e variedade da forma. De fato, variedade pode ser a saída mais lógica para a produção eficiente (…)”
(HABRAKEN, N. John. The Control of Complexity. Pag. 3)

É fato que “flexibilidade” é um tema muito abrangido e cada vez mais presente no cotidinano, como escrevi no post Arquitetura e desejo. Espaços para eventos, exposições e residência tem cada vez mais a necessidade de atribuir a único espaço várias funções, ou possibilidade de aumentar ou diminuir. Especialmente em São Paulo, onde a construção civil está em alta observamos projetos como o da Max Hous, que dá a possibilidade ao morador de modificar o seu apartamento da maneira que desejar. O que tem ares de novidade, na verdade não é tão novo assim. Pelo contrário, é algo que vem sido estudado e trabalho há bastante tempo por arquitetos do mundo todo. Um exemplo é o arquiteto holandês John Habraken que desenvolveu projetos cujo conceito era a flexiblidade para habitação de massa.

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Os conceitos construídos por Habraken consistiam na idéia de que a adaptabilidade às condições de construção e de uso deveria estar em permanente mudança. A adaptação a uma realidade dinâmica, fez com que fosse definida uma distinção nas estruturas construídas, entre um suporte estável e permanente, e o recheio, flexível e adaptável. Essa visão veio para romper com a arquitetura habitacional de massa desenvolvida nos anos 60 e 70 na Europa. De acordo com o arquiteto, os usuários tinham a possibilidade de dar identidade a sua moradia, pois as técnicas construtivas eram flexíveis, permitindo que a habitação se adaptasse de acordo com as necessidades individuais. Muitos arquitetos da época procuravam trabalhar esse conceito, projetando plantas livres, porém com uma forma pura definida. Um exemplo disso é Mies van der Rohe, que trabalhava com definições funcionais vagas, dando aos seus edifícios a capacidade de abrigar arranjos funcionais variados. Mies van der Rohe disse: “Faz com que teus espaços sejam grandes e então, poderás usá-los como quiseres.” (citação reitrada de DORFMAN, Gabriel. Flexibilidade)

Dessa maneira a flexibilidade é um meio de garantir que um único espaço seja capaz de atender satisfatoriamente diferentes exigências funcionais. Há a liberdade de atribuir a um espaço diferentes usos e fluxos de pessoas e de objetos. É possível também alterar as formas de organização ao longo do tempo, tanto quantitativa quanto qualitativamente.


O NOX e a Arquitetura Líquida

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O NOX é um escritório de arquitetura e design comandado pelo holandês Lars Spuybroek, que além de arquitetura, projeta interiores, objetos, instalações multimídia, textos e vídeos. Esse repertório variado impulsiona o diálogo entre a arquitetura e outras linguagens, gerando discussões entre outros profissionais acerca da tendência de uma nova arquitetura: a transarquitetura ou arquitetura líquida. Esta se relaciona com as arquiteturas do ciberespaço, aquela, imaterial, líquida, mutável e interativa. Desta forma, os integrantes do grupo vêm repensando novas maneiras de projetar e construir, levando-se em conta um espaço animado (vivo), utilizando técnicas de computação
gráfica.

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Diferente do pensamento tradicional que via o espaço como passivo, projetado a partir de coordenadas fixas e atemporais, a arquitetura líquida não descarta totalmente a idéia de malha rígida, a malha líquida trabalha em primeira, segunda e terceira dimensões, considerando fluxos, forças, movimentos e sempre aberta a possíveis transformações. Esse novo processo serve para organizar o espaço, utilizando modulações, variabilidades e flutuações contínuas, constituindo assim superfícies ondulantes e volumes disformes. Um exemplo são os Pavilhões da Água Doce e da Água Salgada, que integram o espaço arquitetônico com recursos de mídia interativa, gerando uma simbiose entre espaço real e virtual, em que estruturas e formas fluídas e envolventes da arquitetura se inter-relacionam com o contínuo fluxo de informações, trabalhando com os sentidos. Dessa forma o espaço se anima e se transforma continuamente, apresentando alternativas de caráter ecológico, cultural e artístico.

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Arquitetura e desejo

(…) É uma cidade igual a um sonho: tudo o que pode ser imaginado pode ser sonhado, mas mesmo o mais inesperado dos sonhos é um quebra cabeça que esconde um desejo, ou então o seu oposto, um medo. As cidades como os sonhos, são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor do seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas, e que todas as coisas escondam uma outra coisa (…). As cidades também acreditam ser obra da mente ou do acaso, mas nem um nem o outro bastam para sustentar as suas muralhas. De uma
cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.

– Ou as perguntas que nos colocamos para nos obrigar a responder, como Tebas na boca da Esfinge.”

(As Cidades Invisíveis, Ítalo Calvino. Pag 44)

Na cidade contemporânea há um fluxo de informação intenso em que perguntas e respostas surgem o tempo todo. Essa variação constante nos impulsiona a buscar o novo, e para alcançá-lo é necessário experimentar. Novos materiais, programas, usos e espaços podem ser componentes importantes para a experimentação. Porém, existe outro aspecto que condiciona todos estes elementos: o tempo.

Temos um milhão de possibilidades dentro da cidade em que vivemos. Onde morar, onde trabalhar, pessoas pra conhecer, lugares para estudar… quanta informação, não é? Quanto tempo temos para tomar todas essas decisões? Como aprender a viver no meio dessa loucura onde os dias mais parecem horas e as horas apenas minutos. É muito comum sentir ansiedade no meio de tudo isso: vivemos tempos de transição e ainda estamos nos adaptando. Procurando descobrir como ter qualidade de vida na metrópole contemporânea.

Essa mudança dos parâmetros de temporalidade da sociedade se reflete  na arquitetura. Maneiras mais simples e rápidas de construir e desconstruir são criadas dia-a-dia. Flexibilidade e experimentação são preceitos que estão cada vez mais presentes no cotidiano do arquiteto. Não só pela infinidade de materiais presentes no mercado mas principalmente no ato de projetar que se tornou mais amplo. Não se projeta mais um espaço pensando que ele será apenas UM e sim MULTI.

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“(…) É uma cidade igual a um sonho: tudo o que pode ser imaginado pode ser sonhado, mas mesmo o mais inesperado dos sonhos é um quebra cabeça que esconde um desejo, ou então o seu oposto, um medo. As cidades como os sonhos, são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor do seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas, e que todas as coisas escondam uma outra coisa (…). As cidades também acreditam ser obra da mente ou do acaso, mas nem um nem o outro bastam para sustentar as suas muralhas. De uma
cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.

– Ou as perguntas que nos colocamos para nos obrigar a responder, como Tebas na boca da Esfinge.”

(As Cidades Invisíveis, Ítalo Calvino. Pag 44)