Insight

Depois de algum tempo sem postar nada por aqui, surge agora um momento de inspiração.
Momentos como esse acontecem quando a gente não espera, do nada, instantaneamente, oh! E o melhor que dá pra fazer é aproveitá-los ao máximo. Mas hoje, foi um dia especial pra mim, foi mesmo, eu tive um Insight! Um não, alguns vários – é realmente impressionante como pequenos gestos, podem trazer grandes benefícios – a gente não faz ideia – uma coisa leva a outra, é tudo muito mágico. Uma das coisas que descobri hoje é o que é o carro pra mim – eu que nunca gostei de dirigir, me vejo há algum tempo numa situação que achei que seria obrigada a fazê-lo e excessivamente, sem opções, afinal moro longe do trabalho como a maioria de nós população urbana. Nunca me acostumei com isso, sinceramente eu acho um absurdo e me incomoda profundamente – como se eu estivesse dentro de uma bolha, sem ouvir, sem sentir, sem ver, só olhando pra frente e me irritando, ou tentando encontrar formas de não me irritar. Adoro o movimento das pessoas, o som da cidade… de perceber como a vegetação entorno do rio Pinheiros, aquele rio fedido, está ficando cada vez maior e mais bonita (tava olhando hoje pela janela do trem), da energia.
O que eu percebi é que temos o poder da escolha sim! Mas isso é tão óbvio! rss. Tudo, claro, é um processo, tal qual necessita de um início. O carro, como qualquer outra forma de transporte, é um instrumento, uma ferramenta, que está aí pra usar da forma que a gente quiser para nos locomovermos. A cidade está cheia de carros, o transito está terrível, falta infraestrutura no transporte público e o poder público caminha lentamente, oh horror!!! O que costumamos fazer? Reclamamos – e não está errado não, afinal temos que cobrar soluções sim, mas também só fazer isso não adianta – podemos propor novas idéias, porque não? Propor para o nosso dia-a-dia principalmente, pra nossa rotina. Novas formas de pensar, levam a consequencias diversas. E o que cada um faz influencia no ambiente ao redor. O que fiz hoje, foi fazer apenas parte do meu percurso de carro, e a outra de trem e a pé. Não parece nada, ou até bem trabalhoso, mas foi alguma coisa. E só de mudar um pouco a minha rotina, me sinto diferente – por mais que eu tenha pego o maior transito no trecho que percorri, pelo menos não foi ele inteiro, porque depois tomei meu café da manhã com a minha família (e não sozinha), peguei o trem (não, ele não estava vazio)e vi a paisagem e caminhei até o trabalho. Mas como eu disse, foi alguma coisa e foi uma experiência muito legal. Desencadeou aqui uma série de pensamentos, e um deles foi sobre a cidade.
Mais especificamente a forma como vivemos nela, nossas percepções acerca de, que podem ser modificadas e devem ser lapidadas. Pensar no coletivo, numa cidade pra todos – como poderia ser isso? É um ponto de partida. Uma cidade que se possa andar de bicicleta, a pé, de carro, de ônibus, de trem, de barco (também, também?)… e haver respeito e harmonia. Sou arquiteta formada há 4 anos, e há um ano venho descobrindo e me especializando numa área pouco conhecida e divulgada aqui no Brasil – o urbanismo. O urbanismo é cidade, e consequentemente não é uma ciência exata. É algo que é construído pela nossa vivência e estudo. E o urbanismo brasileiro, o que é?
Pode parecer um pouco pessimista e melancólico o que vou dizer, mas arquitetura de uma maneira geral não me inspirava fazia uma data – acho que a mesmice me levou a me sentir assim, é muito duro, afinal pra mim arquitetura é algo lindo demais. Foi então que trabalhando, pesquisando e vivendo em meio a este momento de insights, vi esse vídeo do programa “Provocações” com o arquiteto Alexandre Delijaicov (Programa 562 com o arquiteto Alexandre Delijaicov -17/04/2012) e achei bastante interessante e inspirador. Não estou dizendo que concordo com tudo que ele diz, porém gosto da maneira como ele imaginou nossa querida São Paulo, e me fez pensar.
Uma cadeia de pensamentos, geram idéias. Ouvir e discutir levam a novas soluções, que levam a ações. Ações são movimentos. E o movimento gera vida.
(…) continua

 

Integração inspiradora

Quando olhei esse post no twitter, de cara fiquei me imaginando trabalhando nesse lugar…

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Esse é o Selgas Cano Architecture Office, fica em Madrid e faz a gente repensar um pouco nosso modo de trabalhar.

Cores de Almodovar

em processo…

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Arquitetura Fantasma

Em breve… Aguardem…sampa

Arquiflexível

“Há boas razões para acreditar que variedade e adaptabilidade formam uma melhor combinação entre o ambiente construído e a vida que ele abriga. Além disso, o contexto atual em tecnologias construtivas sugere que não há necessariamente um conflito entre produção eficiente e variedade da forma. De fato, variedade pode ser a saída mais lógica para a produção eficiente (…)”
(HABRAKEN, N. John. The Control of Complexity. Pag. 3)

É fato que “flexibilidade” é um tema muito abrangido e cada vez mais presente no cotidinano, como escrevi no post Arquitetura e desejo. Espaços para eventos, exposições e residência tem cada vez mais a necessidade de atribuir a único espaço várias funções, ou possibilidade de aumentar ou diminuir. Especialmente em São Paulo, onde a construção civil está em alta observamos projetos como o da Max Hous, que dá a possibilidade ao morador de modificar o seu apartamento da maneira que desejar. O que tem ares de novidade, na verdade não é tão novo assim. Pelo contrário, é algo que vem sido estudado e trabalho há bastante tempo por arquitetos do mundo todo. Um exemplo é o arquiteto holandês John Habraken que desenvolveu projetos cujo conceito era a flexiblidade para habitação de massa.

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Os conceitos construídos por Habraken consistiam na idéia de que a adaptabilidade às condições de construção e de uso deveria estar em permanente mudança. A adaptação a uma realidade dinâmica, fez com que fosse definida uma distinção nas estruturas construídas, entre um suporte estável e permanente, e o recheio, flexível e adaptável. Essa visão veio para romper com a arquitetura habitacional de massa desenvolvida nos anos 60 e 70 na Europa. De acordo com o arquiteto, os usuários tinham a possibilidade de dar identidade a sua moradia, pois as técnicas construtivas eram flexíveis, permitindo que a habitação se adaptasse de acordo com as necessidades individuais. Muitos arquitetos da época procuravam trabalhar esse conceito, projetando plantas livres, porém com uma forma pura definida. Um exemplo disso é Mies van der Rohe, que trabalhava com definições funcionais vagas, dando aos seus edifícios a capacidade de abrigar arranjos funcionais variados. Mies van der Rohe disse: “Faz com que teus espaços sejam grandes e então, poderás usá-los como quiseres.” (citação reitrada de DORFMAN, Gabriel. Flexibilidade)

Dessa maneira a flexibilidade é um meio de garantir que um único espaço seja capaz de atender satisfatoriamente diferentes exigências funcionais. Há a liberdade de atribuir a um espaço diferentes usos e fluxos de pessoas e de objetos. É possível também alterar as formas de organização ao longo do tempo, tanto quantitativa quanto qualitativamente.


O NOX e a Arquitetura Líquida

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O NOX é um escritório de arquitetura e design comandado pelo holandês Lars Spuybroek, que além de arquitetura, projeta interiores, objetos, instalações multimídia, textos e vídeos. Esse repertório variado impulsiona o diálogo entre a arquitetura e outras linguagens, gerando discussões entre outros profissionais acerca da tendência de uma nova arquitetura: a transarquitetura ou arquitetura líquida. Esta se relaciona com as arquiteturas do ciberespaço, aquela, imaterial, líquida, mutável e interativa. Desta forma, os integrantes do grupo vêm repensando novas maneiras de projetar e construir, levando-se em conta um espaço animado (vivo), utilizando técnicas de computação
gráfica.

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Diferente do pensamento tradicional que via o espaço como passivo, projetado a partir de coordenadas fixas e atemporais, a arquitetura líquida não descarta totalmente a idéia de malha rígida, a malha líquida trabalha em primeira, segunda e terceira dimensões, considerando fluxos, forças, movimentos e sempre aberta a possíveis transformações. Esse novo processo serve para organizar o espaço, utilizando modulações, variabilidades e flutuações contínuas, constituindo assim superfícies ondulantes e volumes disformes. Um exemplo são os Pavilhões da Água Doce e da Água Salgada, que integram o espaço arquitetônico com recursos de mídia interativa, gerando uma simbiose entre espaço real e virtual, em que estruturas e formas fluídas e envolventes da arquitetura se inter-relacionam com o contínuo fluxo de informações, trabalhando com os sentidos. Dessa forma o espaço se anima e se transforma continuamente, apresentando alternativas de caráter ecológico, cultural e artístico.

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Serpentine Gallery e a Arquitetura Efêmera

Os Pavilhões construídos no Serpentine Gallery – localizado dentro do Hyde Park em Londres – a cada ano mostram novas soluções para o que chamamos de uma construção efêmera. O programa é simples: consiste em uma estrutura com área útil de aproximadamente 300 m², desmontável, para uso no verão. É aberto ao público como café durante o dia, transformando-se à noite em espaço para palestras e projeção de filmes, sempre tendo a arquitetura por tema.

Eventualmente também pode ser alugado para a realização de eventos privados. “O pavilhão é parte do nosso programa de exposições de arquitetura”, explica Julia Peyton-Jones, diretora da Serpentine Gallery. “Em vez de montar uma exposição convencional, com fotos e maquetes, optamos pela construção de estruturas arquitetônicas temporárias, que ofereçam ao público a oportunidade de vivenciar o trabalho produzido por arquitetos de renome internacional que nunca tenham construído na Inglaterra.” (Projeto e Design. Edição 283. Setembro de 2003).

É difícil dizer qual destes Pavilhões possui estrutura mais propicia para este evento, já que a cada vez os arquitetos surpreendem com suas variações que vão desde estruturas simples, à estrutura metálica mais pesada e até mesmo concreto.

Exemplo de estrutura simples foi o primeiro pavilhão, projetado por Zaha Hadid em 2000. Neste, ela reinventa de maneira radical e inteligente o conceito de tenda, utilizando estrutura metálica simples, dando a forma triangular facetada à cobertura e, a mesmo tempo, o seu interior permanece um espaço amplo de 600 m². A mesma arquiteta criou em 2007, outro pavilhão utilizando também lona e estrutura metálica. Possuindo uma altura de 5,5 m de altura, a forma foi inspirada na complexa geometria natural das pétalas de uma flor. São três volumes semelhantes, dispostos lado a lado como um círculo, de maneira que quase se tocam. A instalação é aberta por todos os lados tornando o acesso livre. Um aspecto da visão de Zaha Hadid é o interesse em relacionar arquitetura, paisagem e geologia, integrando a topografia natural aos sistemas produzidos pelo homem.

Pavilhão de Zaha Hadid em 2000

Pavilhão de Zaha Hadid em 2000

Pavilhão Zaha em 2007

Pavilhão Zaha em 2007 VEJA

Pavilhão de Niemeyer em 2003

Pavilhão de Niemeyer em 2003

Niemeyer também foi convidado a expor em 2003, porém criou certar esistência à proposta afirmando “Minha arquitetura é em concreto, não é temporária”, concordando somente quando a diretora do Serpentine argumentou que poderia ser desmontável utilizando concreto. Foi utilizado então aço, alumínio, vidro e paredes pré-fabricadas em concreto, dispondo quatro colunas para sustentar todo o edifício elevado 1,5 m do chão de plataforma 25×10 m.

Construção e Implantação do Pavilhão de Niemeyer

Construção e Implantação do Pavilhão de Niemeyer

Em 2006, Rem Koolhas projetou seu pavilhão utilizando estrutura inflável na cobertura, como um balão semitransparente, que flutua sobre a base feita com perfis de aço e vedada com policarbonato alveolar em forma de círculo. A construção funciona como café e fórum que abriga eventos públicos, como palestras, debates e filmes. O edifício não se restringe apenas a seu interior, sendo em seu entorno utilizado cubos dos mais diversos tamanhos como mobiliário, podendo ser dispostos de maneira diferentes pelos usuários. Alguns destes pavilhões apesar de serem desmontáveis, nem sempre transparecem seu caráter efêmero.

Pavilhão de Rem Koolhas em 2006

Pavilhão de Rem Koolhas em 2006 Rem Koolhas

Interior do Pavilhão de Koolhas

Interior do Pavilhão de Koolhas

É o caso do pavilhão criado pelo artista Olafur Eliasson e pelo arquiteto norueguês Kjetil Thorsen, que permanece de Agosto até Novembro de 2007. A estrutura é toda em madeira e o edifício curvo, aparece envolvido pela rampa espiralada que dá duas voltas completas levando o usuário do gramado até a parte mais alta, espaço para permanência, vislumbrando a paisagem. O programa proposto pelos arquitetos ao edifício consiste numa maratona laboratorial em que o objetivo é estudar a arquiteturados sentidos. A cada ano não somente um tipo de estrutura é usado de forma diferenciada, mas também a maneira de delimitar o território, a preocupação com o usuário e o evento dentro abrigado vem evoluindo, abrindo uma discussão mais séria e abrangente sobre arquitetura contemporânea e sua interatividade com o “usador” e a maneira como se integra com seu entorno.

Pavilhão de Kjetil Thorsen em 2007

Pavilhão de Kjetil Thorsen em 2007

Pavilhão de Toyo Ito (2002)

Pavilhão de Toyo Ito (2002)

Projeto do escritorio MVRDV não realizado em 2004

Projeto do escritorio MVRDV não realizado em 2004

Pavilhão em aluminio de Daniel Libeskind que faz alusão a um origami

Pavilhão em aluminio de Daniel Libeskind que faz alusão a um origami

Pavilhão de Alvaro Siza e Eduardo Souto de Moura baseado em um grid retangular distorcido.

Pavilhão de Alvaro Siza e Eduardo Souto de Moura baseado em um grid retangular distorcido.

Pavilhão de Frank Gehry em 2008

Pavilhão de Frank Gehry em 2008 Frank Gehry

Projeto de 2009 por Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa do escritorio SANAA. Produzido em alumínio e colunas em aço.

Projeto de 2009 por Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa do escritorio SANAA. Produzido em alumínio e colunas em aço. SANAA

Arquitetura e desejo

(…) É uma cidade igual a um sonho: tudo o que pode ser imaginado pode ser sonhado, mas mesmo o mais inesperado dos sonhos é um quebra cabeça que esconde um desejo, ou então o seu oposto, um medo. As cidades como os sonhos, são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor do seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas, e que todas as coisas escondam uma outra coisa (…). As cidades também acreditam ser obra da mente ou do acaso, mas nem um nem o outro bastam para sustentar as suas muralhas. De uma
cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.

– Ou as perguntas que nos colocamos para nos obrigar a responder, como Tebas na boca da Esfinge.”

(As Cidades Invisíveis, Ítalo Calvino. Pag 44)

Na cidade contemporânea há um fluxo de informação intenso em que perguntas e respostas surgem o tempo todo. Essa variação constante nos impulsiona a buscar o novo, e para alcançá-lo é necessário experimentar. Novos materiais, programas, usos e espaços podem ser componentes importantes para a experimentação. Porém, existe outro aspecto que condiciona todos estes elementos: o tempo.

Temos um milhão de possibilidades dentro da cidade em que vivemos. Onde morar, onde trabalhar, pessoas pra conhecer, lugares para estudar… quanta informação, não é? Quanto tempo temos para tomar todas essas decisões? Como aprender a viver no meio dessa loucura onde os dias mais parecem horas e as horas apenas minutos. É muito comum sentir ansiedade no meio de tudo isso: vivemos tempos de transição e ainda estamos nos adaptando. Procurando descobrir como ter qualidade de vida na metrópole contemporânea.

Essa mudança dos parâmetros de temporalidade da sociedade se reflete  na arquitetura. Maneiras mais simples e rápidas de construir e desconstruir são criadas dia-a-dia. Flexibilidade e experimentação são preceitos que estão cada vez mais presentes no cotidiano do arquiteto. Não só pela infinidade de materiais presentes no mercado mas principalmente no ato de projetar que se tornou mais amplo. Não se projeta mais um espaço pensando que ele será apenas UM e sim MULTI.

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“(…) É uma cidade igual a um sonho: tudo o que pode ser imaginado pode ser sonhado, mas mesmo o mais inesperado dos sonhos é um quebra cabeça que esconde um desejo, ou então o seu oposto, um medo. As cidades como os sonhos, são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor do seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas, e que todas as coisas escondam uma outra coisa (…). As cidades também acreditam ser obra da mente ou do acaso, mas nem um nem o outro bastam para sustentar as suas muralhas. De uma
cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas.

– Ou as perguntas que nos colocamos para nos obrigar a responder, como Tebas na boca da Esfinge.”

(As Cidades Invisíveis, Ítalo Calvino. Pag 44)